Cavaco Silva expressa pesar pela morte do Professor Freitas do Amaral

03.10.2019

Cavaco Silva expressa pesar pela morte do Professor Freitas do Amaral

Foi com enorme tristeza que tomei conhecimento da morte do Prof. Diogo Freitas do Amaral, um dos construtores de uma democracia pluripartidária em Portugal. Foi, a par de Mário Soares e de Francisco Sá Carneiro, um defensor convicto de uma democracia de tipo ocidental no pós-25 de Abril.

Fui seu colega no governo da Aliança Democrática presidido por Sá Carneiro.  Como Vice Primeiro-Ministro, Freitas do Amaral contribuiu para a execução de uma política coerente de desenvolvimento económico e social do País. Foi também notável a sabedoria com que assumiu transitoriamente a chefia do Governo da Aliança Democrática após a morte do líder social-democrata em 1980.

Estas circunstâncias levaram-me a defender ativamente a sua candidatura independente às eleições presidenciais de 1986. O meu apoio fundou-se no reconhecimento de que Freitas do Amaral tinha uma vontade firme de apoiar a concretização de um projeto de mudança para Portugal assente nos princípios da democracia, da libertação da sociedade civil e nos valores fundamentais da justiça social e da solidariedade. Manteve-se como um espírito livre e fez questão de sublinhar o seu europeísmo quando, em 1992, então deputado independente, votou a favor da ratificação do Tratado de Maastricht.

No momento da sua partida, cumpre recordar em Freitas do Amaral, além do ilustre académico, o homem dedicado à causa pública, que desempenhou com grande dignidade e dedicação funções do maior relevo, entre as quais a de Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1995 e 1996, prestigiando Portugal e demonstrando uma vez mais as suas extraordinárias qualidades políticas e pessoais.

Em meu nome pessoal e no da minha mulher, dirijo à família do Prof. Freitas do Amaral uma palavra de profundo pesar.

Aníbal Cavaco Silva